terça-feira, 18 de maio de 2010

Ian Curtis died 30 years ago today...


Exercício Um
Quando você é um estranho em seu quarto
logo, talvez se afogando
seria o início de tudo?
você liga sua TV
abaixa o volume de seu fone de ouvido
dá as costas a isso tudo
isso tudo está ficando demais
quando você está olhando a vida
decifrando cicatrizes
grupo tenso, todos aqueles
que se sentam imóveis em seus carros
as luzes parecem intensas
quando você alcança o lado de fora
hora de um último passeio
antes do fim de tudo

sexta-feira, 14 de maio de 2010

a tua ferida, onde está?


Pergunto onde fica,
em que lugar se oculta a ferida secreta
para onde foge todo o homem
à procura de refúgio
se lhe tocam no orgulho, se lho ferem?

Esta ferida
— que fica assim transformada em foro íntimo —
é que ele vai dilatar, vai preencher.

Sabe encontrá-la, todo o homem,
ao ponto de ele próprio ser a ferida,
uma espécie de secreto
e doloroso coração.

Se observarmos o homem ou a mulher
que passam com olhar rápido e voraz
— e também o cão, o pássaro, uma panela —
a velocidade do olhar é que nos mostra,
ela própria e com rigor máximo,
que ambos são a ferida
onde se escondem mal sentem o perigo.

O quê?
Já lá estão, já os conquistou
— deu-lhes a sua forma —
e para ela a solidão:
lá estão inteiros no retesar de ombros
em que passam a concentrar-se,
com toda a vida a confluir na ruga maldosa da boca,
e contra a qual nada podem nem querem,
pois dela é que sabem esta solidão absoluta,
incomunicável — este castelo da alma —
para serem a própria solidão.

È visível no funâmbulo que refiro,
no olhar triste
que deve reportar-se às imagens de uma infância miserável,
inesquecível,
em que ele teve consciência
de ser abandonado.

(...)

(Jean Genet)

Happy Birthday Wolf Child


por questões de bom gosto, prefiro postar fotos antigas...yeah.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

a última vida


Eu vi nuvens baixas onde o câncer da pobreza se enraizava nos vales
Montanhas antes cobertas de relvas frescas, agora dão lugar ao tapete da miséria.
Desejei que houvesse o espírito, mas lhes de deram objetos.
A apatia do consumo disfaçada de um amarga esperança...
Mosaicos vulgares que dilaceram a paisagem
Agradeço meus olhos, minhas caminhadas quando mais jovem.
Atento aos detalhes, ao ar fresco daqueles invernos que mais parecem quadros em minha memória.
A vida é uma morte efêmera, como um gozo em troca de moeda.
Onde entulho e sentimentos formam uma única massa de excremento.
Desejei que houvesse espírito...

sábado, 1 de maio de 2010

meu Universo

Gotas afobadas, sorrisos com cãibras da supernova
Peles vazias, olhos que tapeiam cada relincho
Celebrações e dias que somam estas castas horas cotidianas...
Do que me adiantam as emoções do que eu poderia ter sido?